Alardeado pela própria Sony como um de seus principais exclusivos do ano, No Man’s Sky gerou alta expectativa não só pela propaganda, mas pela ambição de implementar um universo procedural de grandes proporções em um jogo de videogame.
Mas a espera valeu a pena? Atendeu nossas expectativas? Eu diria sim e não, em cada um dos itens avaliados, o jogo é 8 ou 80.
Gráficos e Ambientação
O jogo alterna entre bons e maus momentos, mas primeiramente devo admitir que a arte do jogo é belíssima. Além da arte, o espaço é especialmente lindo, ver os planetas de longe e com vários tons diferentes, faz com que paremos de jogar para admirar a beleza do cenário.
Falando em planetas, cada um deles possui características diferentes, entre elas a atmosfera, fauna, flora, formação geológica e etc. Todos eles possuem tamanhos variados, contendo uma, duas ou nenhuma lua.
Alguns planetas são desoladores, escuros e perigosos, daqueles em que você não se sente bem em explorar, as vezes inclusive com animais e sentinelas agressivos, onde você quer dar o fora dali logo. Outros são simplesmente lindos, com paisagens verdes onde animais bizarros andam livremente e possuem recursos abundantes.
O procedural do jogo funciona muito bem, já que a diversidade do jogo é absurda. Embora alguns planetas fiquem bizarros e alguns animais pareçam desenhados por uma criança de 6 anos, o jogo cumpre o que promete neste sentido, mas nada vem sem custo, foi preciso sacrificar vários aspectos técnicos em função do procedural, as texturas por exemplo, em alguns casos são simplesmente horrendas e a construção de algumas partes do cenário não fazem sentido algum, como uma caverna com passagens tão apertadas que seu personagem não passa.
Resumindo, a arte é linda, os gráficos são fracos e a ambientação cumpre o seu papel.
Som
O som do jogo é bom, a trilha sonora mantém o clima e os sons da nave são bacanas, principalmente o som que ela faz ao entrar na atmosfera de um planeta, que é sensacional.
O jogo possui combinações infinitas de animais, planetas, atmosferas e diversas naves diferentes, mas os sons são sempre os mesmos, já que o jogo não possui muitas variações. Embora alguns sons sejam bacanas, muitos deles se repetem do início ao fim.
Jogabilidade
Aqui começamos a falar de alguns dos aspectos negativos mais importantes de No Man’s Sky, um dos grandes (se não o maior) problema do jogo é a repetição exaustiva. E não é pouca repetição, é muita. Você começa o jogo procurando recursos para deixar sua nave operacional, busca recursos para fazer upgrades e depois vai atrás de mais recursos para reabastecer os suprimentos que você necessitará para sobreviver ou viajar.
No início você pensa que estas ações se repetirão por um breve momento até atingir uma nova etapa do jogo, mas não, não há progressão e diversificação, o jogo se repete desta forma do começo ao fim.
Depois de construir seu hiperdrive, você passa a viajar entre sistemas, e aí o ciclo se repete infinitamente: Viaja para um novo sistema, vai para um novo planeta, visita alguns monumentos alienígenas para aprender novas palavras de suas línguas (tudo para facilitar um pouco a comunicação), colhe recursos, reabastece suas provisões, faz upgrade de alguns itens, da sua nave ou da sua armor, volta para a estação espacial, vende alguns recursos que não precisa, conversa com o alienígena de lá, e vai para outro sistema, reiniciando todo o ciclo.
O inventário é bem reduzido no início, o que também te força a colher diversos recursos a fim de se realizar upgrades na armor ou a procurar uma nova nave que contenha mais slots disponíveis (você também pode comprá-la por uma soma absurda de dinheiro).
As batalhas espaciais do jogo são interessantes, mas assim como o resto do jogo, possui pouco desafio, todos os adversários são abatidos com facilidade, e se você tiver alguns upgrades instalados, sua tarefa fica ainda mais fácil. O mesmo serve para as batalhas em solo, dificilmente algum inimigo irá te atacar e você pode se defender deles sem muitos problemas caso isso ocorra (ou você ataque).
No jogo você pode perseguir dois caminhos, o misterioso caminho do Atlas, ou o caminho para o centro da galáxia, mas independentemente do que você escolher, você vai repetir o que citei aí em cima indefinidamente.
História (Spoiler Alert, se é que dá pra chamar de spoiler)
Apesar de todo o suspense inicial, das questões de sua busca e toda a jornada misteriosa que o jogo propõe no começo, já te aviso, esqueça isso! Nada tem muito sentido e no final nada disso será explicado, não importa qual caminho você escolha por seguir. De qualquer forma o final do jogo é extremamente decepcionante para quem espera uma resposta. O jogo é daqueles que deixa a conclusão para você, entende? Tudo vai depender do que você entender e quiser acreditar, “cada jornada é uma jornada diferente”.
Conclusão
No Man’s Sky foi vendido de forma equivocada, talvez ele devesse ter um preço menor e ser divulgado como um ótimo indie do que um jogo full mediano. O jogo parece incompleto, com um enredo tapa buraco e sem muito sentido, parecendo mais uma exibição técnica do procedural.
Este jogo é para você que gosta de farmar itens e buscar sempre construir um melhor, para você que quer viajar indefinidamente e explorar os diferentes tipos de mundos, flora e fauna sem um objetivo muito definido.
Este jogo não é pra você que busca um começo, meio e fim, que busca uma explicação miraculosa e surpreendente no final, que espere por variação na progressão do jogo e uma experiência revolucionária.
