Battlefield 242 leva a franquia novamente para o futuro. Mas estamos falando somente do tempo onde se passa o jogo, já que tivemos os dois últimos lançamentos ambientados no passado. Em 2042 as mudanças climáticas causaram falta de água e alimentos e uma crise de refugiados sem precedentes. Os refúgios estão lotados e as nações mais desenvolvidas estão à beira do caos. Refúgios “sem pátria” ou “Não-Pats” foram criados em zonas neutras. A guerra entre os EUA e a Rússia estão sendo conduzidas por mercenários e acabaram fornecendo armas e tecnologia para os Não-Pats.
O lore do jogo é esse. Não há mais história para se desenvolver e como não existe uma campanha ou modo single player, o lore serve apenas para se ter um motivo para colocar EUA x Rússia frente a frente em mais uma guerra. Como em diversos outros jogos de guerra recentes.
São três modos de jogo e uma vez conectado a primeira coisa a escolher é qual dos tês jogar. O mais conhecido é All Out Warfare, pra quem jogou Battlefield antes esse é o modo mais familiar. Com dois modos de partida, Conquest e Breaktrhough, são as batalhas com objetivos a serem conquistados para somar pontos e podem ser jogados por até 128 jogadores nos consoles da nova geração e nos PCs. Os mapas são divididos em setores que devem ser conquistados para pontuar. A principal diferença é que em Conquest os respawns são limitados por tíquetes iguais para ambas as equipes e em Breaktrough as equipes são designadas como ataque e defesa. Os atacantes capturam os setores e novas áreas do mapa são abertas. Para o ataque vencer deve conquistar o mapa antes de ficarem sem tíquetes de respawn. Os respawns da equipe defensora são infinitos.

Os mapas são enormes e a variedade de ambientes é incrível mesmo dentro de um único mapa. É possível camperar, usar combate a curta distância e veículos em um mesmo mapa. É possível lutar em campo aberto, dentro de prédios, em cima de guindastes, usar tirolesas. Isso acaba virando um problema, já que o tamanho dos mapas faz com que seja preciso cobrir muito mapa para se chegar a ação e ela pode durar apenas alguns segundos até que você morra e precise respawnar longe dos objetivos em disputa de novo.
Claro que para isso existem os veículos mas eles são bastante limitados em número e pegar um veículo é algo realmente difícil já que eles são bastante disputados. É possível chamar veículos mas eles também contam do pool dos pontos de respawn e raramente estão disponíveis também.
Os eventos aleatórios que foram uma das grandes propagandas do jogo também são raríssimos de ocorrerem, durante mais de uma semana onde joguei o jogo para fazer esse review, devo ter visto o tornado por uma ou duas vezes apenas.
Pela primeira vez Battlefield usa especialistas ao invés de classes de personagens, mas as únicas diferenças reais entre os especialistas e as classes antigas parecem ser as skins e o único equipamento que é utilizado por cada especialista. Entre eles temos o gancho, o wingsuit e a sentinela, que são os que mais gostei e os mais ofensivos do jogo. Qualquer especialista pode selecionar qualquer loadout (assalto, médico, engenheiro e sniper) o que acaba dificultando na hora de saber quem é quem no seu próprio time. Uma bizarrice: o kit do sniper é o que tem a ferramenta de reparo de veículos e não o do engenheiro, isso me fez editar todos os loadouts assim que vi esse problema.

Após a batalha, nenhum placar ou relatório é mostrado, embora o jogo mostre quem foi o MVP e a classificação de cada esquadrão. As estatísticas do jogo parecem ser mostradas aleatoriamente já que em uma partida onde matei mais de 40 inimigos, o jogo resolveu me mostrar que eu havia feito a única reanimação do meu esquadrão.
Embora seja muito divertido jogar Conquest e Breakthrough, o mesmo não pode se dizer dos novos modos de jogo. Hazard Zone fez a sua estréia e é um modo baseado em esquadrões de quatro jogadores competindo entre si para coletar discos rígidos de satélites caídos de forma que você possa conseguir um mapa através desses discos. Existem duas janelas para extração no mapa e se você perder as duas, perde tudo o que já havia feito. Não há respawns nesse modo então quando um companheiro cai você deve revivê-lo antes que ele morra definitivamente. Se todo o time cair, o esquadrão perde o jogo.
Existem NPCs nos mapas que ficam patrulando as áreas dos satélites e esses NPCs são casca-grossa a ponto de preocuparem mais do que os jogadores reais que estão no mapa. Os mapas são os mesmos dos modos Conquest e Breaktrough, mas com menos jogadores, o que faz os encontros entre os jogadores serem ainda mais demorados. Mesmo com os NPCs.
Após cada partida o esquadrão recebe o Dark Currency com base nos seus méritos e, claro, as equipes que extraíram os drives com sucesso ganham mais. O Dark Currency é a moeda usada pra comprar armas e equipamentos antes de cada partida então suas chances sempre aumentam bastante após cada partida com bom resultado.
Eu não acredito que Hazard Zone será um modo de sucesso durante a vida de Battlefield 2042, ele parece um modo que vai ter fãs, mas muito nichado já que a ação é bastante lenta. Acredito que todos testarão e o modo logo cairá em esquecimento. Faz parte da tentativa da EA de tornar o jogo mais popular, mas em um mundo de battle royales, essa ideia não pareceu muito boa, embora diferente.

O último modo de jogo é o Battlefield Portal, onde o objetivo é duplo. Explico: em Portal é possível jogar mapas clássicos de outros jogos da franquia, todos com melhorias gráficas e aproveitando o hardware dos consoles atuais e jogando essas partidas você perceberá a fidelidade dos jogos originais sendo mantida em classes, armas e recursos. Eu gostei bastante de jogar esse modo, ele me mostrou que a jogabilidade dos Battlefields mais antigos é muito boa mesmo nos dias de hoje. Acabei me divertino mais jogando esses modos antigos do que Conquest e Breaktrough até, o que me fez pensar que Battlefield 2042 não traz nada que leve a franquia a outro patamar, fazendo o contrário até.
Portal permite também que os jogadores constuam seus próprios modos de jogo e compartilhem com a comunidade. É possível usar as ferramentas de Portal para selecionar classes, armas veículos e tudo mais que for permitido. Quer colocar as armas de Battlefield 1942 para lutar contra as armas de 2042? Pode! Porém isso não quer dizer que o uso dessas ferramentas seja eficaz ou produza modos memoráveis. Devo ter jogado uns 20 modos diferentes e mal me lembro de todos eles. Espero que com o tempo modos mais interessantes apareçam.
Sobre os problemas… muitos… muitos… MUITOS problemas de conexão. Latência alta mesmo nos servidores mais próximos e diversas quedas durante as partidas. Isso melhorou bastante com o tempo, mas ainda acho inaceitável cair uma ou duas vezes a cada cinco partidas mesmo tendo uma conexão estável em todos os outros jogos.
Cair para a parte inferior do mapa, onde estão os polígonos que seguram o mapa aconteceu várias vezes e o desligamento total do meu console também é um fato que devo lembrar aqui, tive ao menos 5 crashes com o console se desligando completamente ao invés de apenas fechar o jogo. Isso é bastante frustrante. Existem outros bugs menores como o contador de sangue zerar imediatamente após ser derrubado impedindo que um parceiro te traga de volta a ação, ou respawns ao lado de inimigos. Outros bugs ainda menores foram vistos algumas vezes, e são tantos que fica difícil enumerar todos eles aqui. Fato é que o jogo não estava pronto no lançamento.
Esperando que o jogo melhore com o tempo. Como em outros lançamentos da franquia.
Cópia de review gentilmente cedida pela EA Brasil. Review feito utilizando o Xbox Series X como console base.
Pai do Joaquim, jornalista, gamer, #FORABOLSONARO e… #FOGONOSRACISTAS!