Foi divulgada ontem, no BIG Festival (Brazil Independent Games Festival), o resultado da última Pesquisa Game Brasil. A edição de 2016 da pesquisa foi feita em parceria da Sioux, uma agência brasileira de tecnologia interativa que trabalha com gamificação e advert games; a Blend, uma empresa de pesquisa de mercado; e a ESPM, considerada por muitos especialistas em educação como a instituição de ensino com os melhores cursos de Comunicação e Marketing do Brasil.
Foram entrevistadas 2848 pessoas, com idades entre 16 e 84 anos (os menores de 16 anos não foram entrevistados por motivos legais), de todas as classes sociais, em todos os estados e no Distrito Federal. A pesquisa foi feita entre os dias 16 e 26 de fevereiro de 2016 e usou um questionário estruturado quantitativo, onde as perguntas são apresentadas ao entrevistado já com as respostas possíveis e com a possibilidade de mais de uma resposta.
Brasil, o país do futebol? Não, o país dos videogames!

De acordo com a pesquisa, o brasileiro joga mais jogos eletrônicos do que jogos de quadra e jogos de tabuleiro somados. Quase 75% da população brasileira é adepta dos jogos eletrônicos, sejam eles no celular, tablets, computadores e consoles de videogame. Os jogos de quadra (futebol, voleibol, basquete e etc.) são praticados por apenas 32% da população. Ou seja, deixamos de ser o país do futebol e estamos virando o país dos videogames. Certamente isso se deve às mudanças de comportamento dos mais jovens e a facilidade de acesso aos smartphones, computadores e videogames no país.
O perfil do jogador brasileiro
Se engana quem acha que o jogador brasileiro é o homem jovem com idade entre 16 e 24 anos. Esse ainda é um perfil muito forte, mas não é o perfil com maior fatia no mercado. Como mostram as imagens abaixo, o maior público de games hoje são mulheres (52,6%) e jogadores com idade entre 25 e 34 anos. Já os tipos de jogos favoritos são os de estratégia (54,7%) e aventura (49%). A definição dos gêneros dos jogos seguiu a classificação dada pelas próprias desenvolvedoras nas lojas online de jogos como App Store, Play Store, Steam, Xbox Live e PS Store.



Em qual plataforma o brasileiro joga?
Uma das perguntas mais frequentes sobre o mercado brasileiro é em qual plataforma o jogador está. Onde o desenvolvedor deve lançar seus jogos? Para quem os jornalistas devem escrever?
Quase 80% dos brasileiros joga em mais de uma plataforma (smartphones, PC, tablet, consoles e Smart TVs). Mulheres são maioria nos portáteis (smartphones e tablets), já os homens preferem os consoles e os PCs.

Já quando a pergunta é diretamente feita em “Qual a sua plataforma preferida?” a resposta é uma novidade, já que pelo primeiro ano desde que a pesquisa começou a ser feita, o smartphone é o líder. Graças às mulheres, que disseram preferir o gadget portátil para jogar enquanto os homens preferem os consoles de videogame. No geral, logo após os smartphones, os PCs e os consoles tem um empate técnico.

Smartphones: onde aqueles que não se declaram gamers mais jogam!
Os jogadores mais casuais, e que não se declaram como gamers, se juntam em volta dos seus smartphones. 77% dos brasileiros que afirmaram jogar jogos eletrônicos, jogam nos smartphones. O Android é líder absoluto em sistema operacional utilizado, com 76,2% do mercado atual. O iOS permanece em segundo, mas registra queda de 1 ponto percentual em relação a 2015. Já os aparelhos com Windows registraram um aumento de mais de 2% em relação ao ano anterior.

Levando em consideração todas as funções de um smartphone, a pesquisa mostra que as pessoas utilizam, em primeiro lugar, as câmeras para tirar fotos. Em segundo aparecem os aplicativos de mensagens. Os jogos aparecem na quarta posição, sendo ultrapassados no último ano pelas redes sociais.
É importante notar que praticamente todos os usos dos smartphones cresceram, exceto quando falamos em tirar fotos. Certamente esse crescimento é reflexo do ato de baixar aplicativos, que teve um aumento de 35% entre os anos de 2013 e 2016.

Quando perguntados sobre os jogos pagos, a maioria dos entrevistados disse que baixa apenas jogos gratuitos. Metade dos entrevistados disse que procura jogos similares gratuitos quando querem um jogo específico. E 37% dos entrevistados disse que não paga pelos jogos pois acha caro. A entrevista não levou em conta a pirataria (sim, ela existe e nós a reprovamos) de aplicativos nos smartphones.

Em contra-partida, a maioria dos jogadores aceita que os jogos tenham propagandas mesmo considerando que elas atrapalham o jogo. É notório que os jogos grátis precisam de alguma forma de receita para sobreviverem e ganharem dinheiro, mas precisam tomar cuidado para não atrapalhar a diversão do jogador ao ponto do mesmo desconsiderar o jogo por causa das propagandas.

Qual smartphone comprar? De qual marca? Certamente já se pegou fazendo essas perguntas! Os jogadores tem a Samsung como marca preferida, pela primeira vez a empresa sul coreana passa a americana Apple, e seu tão famoso iPhone, na preferência dos brasileiros. Destaques também ficam por conta do aumento considerável das orientais LG e Sony, que praticamente dobraram a sua participação na preferência dos jogadores.

Nos consoles, a disputa pela hegemonia está entre Sony e Microsoft
Pode parecer óbvio para alguns e pode parecer estranho para outros. O mercado nacional de consoles é tão dividido e apertado que não seria surpresa para grande parte do mercado se qualquer uma das duas empresas com representação oficial no Brasil (Sony e Microsoft) fosse a líder do segmento no Brasil. Os números são tão apertados que, em alguns momentos, chegam a se inverter… hora a Sony é a maior, hora a Microsoft. O jogador só tem a ganhar com isso e o mercado brasileiro agradece pela concorrência.
As “contradições” do mercado começam com as perguntas “Qual console você possui?” e “Qual o seu videogame favorito?”. Na primeira questão era possível colocar mais de uma resposta, e o brasileiro TEM SIM mais de um console em casa. Mais de 55% dos entrevistados disse possuir mais de um console de videogames a disposição. Microsoft e Sony lideram com o Xbox 360 e, pasmem, o Playstation 2, como os consoles que estão em mais casas brasileiras. É notório que o alcance desses consoles foi bastante influenciado pela pirataria, tanto no caso do Playstation 2 quanto no caso do Xbox 360.

Já quando a pergunta é “Qual o seu videogame preferido?”, continuamos vendo o Xbox 360 em primeiro lugar, mas uma alta impressionante do Playstation 4 mostra qual é a futura compra dos jogadores brasileiros quando o assunto é console. O brasileiro, assim como o resto do mundo, adotou o Playstation 4 como plataforma da atual geração. A preferência pelo console da Sony é o dobro da preferência dos jogadores pelo atual console da Microsoft, o Xbox One, e não tem nem como ser comparada ao atual console da Nintendo, o WiiU.

Outra curiosidade da pesquisa refere-se aos costumes de compra dos jogos. As lojas online das plataformas (Xbox Live, PS Store e E-Shop Nintendo) estão ganhando cada vez mais adeptos e o total dessas compras, sem intermediários, já chega a 12% no Brasil. E como é de costume, o brasileiro mantém o hábito de comprar jogos usados, quase metade dos jogadores fazem esse tipo de compra e 3/4 desses compradores justificam a compra de jogos usados pelo preço mais em conta. É um mercado sempre aquecido e que merece atenção dos lojistas do ramo.

A resposta mais selecionada para a pergunta “O que decide a compra de um jogo?” foi o preço. Em segundo lugar veio a resposta franquia e em seguida vieram reviews de imprensa e dublagem/localização. O preço influencia diretamente nas compras feitas por terceiros: pais que compram jogos para os filhos, presentes e afins. Quase 65% dos jogadores compra até 3 jogos por ano. Gostaria muito de saber qual a porcentagem de quem compra mais que isso por mês, me encaixo nesse grupo e a maioria dos redatores aqui do Doze Bits também.

Mais da metade dos jogadores já tem o hábito de jogar online, porém 34% joga apenas entre 1 e 3 horas semanais, considerado pouco quando comparado com outros países como EUA e Japão.
As redes Xbox Live e Playstation Network dividem o mercado nacional, a diferença entre as duas redes é ínfima e está dentro da margem de erro da pesquisa.

Sobre a marca preferida do jogador brasileiro de consoles, a inversão falada no começo: A Sony, com a linha Playstation, é a preferida dos jogadores. Ou seja, embora os jogadores brasileiros tenham mais consoles Xbox 360 em casa, eles ainda preferem a linha Playstation. Duas coisas podem pesar bastante a favor da Sony nesse ponto: o sucesso de vendas do Playstation 2 e a melhor recepção do Playstation 4 no lançamento. Muita gente tem ou teve o Playstation 2 e tem boas lembranças do console e muita gente vai optar pelo Playstation 4 quando puder escolher entre ele e o Xbox One, da Microsoft.

Nos computadores, um público diferente e apaixonado
Que os jogadores de PC são diferentes a gente já sabia, mas que eles tinham mudado alguns hábitos que considerávamos normais, não. O jogador de PC, hoje, prefere jogar no notebook (2 em cada 3 jogadores joga em notebooks) e 91% usa a própria tela do notebook para jogar.

As vantagens apresentadas pelos jogadores de PC fazem muito sentido quando pensamos no público brasileiro. Segundo os entrevistados, os jogadores podem jogar melhor (controle e precisão), pagando menos pelos jogos e jogando jogos exclusivos para PC (muita coisa que sai para os computadores nunca chegará nas outras plataformas).

Os hábitos de compras também são diferentes quando o referencial são os jogadores de PC: enquanto 12% dos jogadores de console compram nas lojas dos consoles, a maior loja de jogos online para PCs do mundo, o Steam, tem só 9,4% das vendas de jogos para PC no Brasil. Em contra-partida, o varejo online vende mais que o varejo físico nos PCs, contrariando o número dos jogos de console.

Família que joga permanece unida
A pesquisa também abordou os hábitos familiares em torno dos jogos eletrônicos. A relação entre pais, filhos e videogames nunca foi tão boa e o número de pais que são contra os jogos eletrônicos no Brasil é de apenas 0,5%.


Os dados mais importantes dessa relação pais, filhos e games são os da tabela a seguir, eles mostram o quão responsáveis estão sendo os pais em relação ao que seus filhos consomem quando o assunto é videogame. Vale lembrar que existe uma classificação indicativa para os jogos eletrônicos no mercado nacional e que ela não é feita no “chutômetro” e sim baseada em estudos sobre o que é legal e o que não é legal para uma criança em cada uma das suas idades. Na minha opinião os dados mais preocupantes são os 9,2% de pais que não controlam nada do que os filhos jogam e aqueles pais que não controlam com quem os filhos jogam. As interações online dos jogos muitas vezes são levadas para fora dos mesmos e os pais devem se preocupar com quem os filhos estão se relacionando.

E aí? Se achou na pesquisa? Concorda? Discorda? Comente aí embaixo… queremos saber a sua opinião!
Fonte: Pesquisa Game Brasil