Final Fantasy XV pode ter sido adiado para Novembro, mas o lançamento dos projetos complementares da obra continuou seu cronograma original. Kingsglaive Final Fantasy XV, para os que não sabem ainda, segue uma história paralela aos eventos iniciais do jogo, no qual acompanhamos pela ótica de Nyx Ulric um momento decisivo em Insomnia, capital de Lucis, que envolve o rei Regis, pai de Noctis, e da princesa Lunafreya, prometida de Noctis. Se você tem receio de spoilers, exceto por informações do início do filme, esse texto não tem nada delicado.
Talvez você se pergunte quem é Nyx Ulric, um membro de uma equipe de elite do exército chamado a Espada do Rei (Kingsglaive), essa equipe é responsável pelos principais movimentos militares na guerra contra o império de Niflhein, seus membros têm aptidão ao uso da magia e o recebem por meio do Rei, todos vieram de cidades atacadas pelo império, longe da barreira de proteção mágica da capital. Esse motivo em especial gera diversas opiniões sobre a guerra, uma vez que essas pessoas são sobreviventes de cidades atacadas que mesmo sendo de uma elite militar, ainda estão lutando pela capital bem protegida que sempre viveu em relativa paz.
É importante destacar toda a parte técnica do filme, os cg’s são absurdamente belos e os combates fazem ter vontade de jogar Final Fantasy XV o quanto antes, ainda que as demos tenham gerado opiniões receosas. As vozes não ficam atrás, Aaron Paul, Lena Headey, Sean Bean e todos os outros integrantes da equipe não fazem feio.
O maior ponto negativo do filme talvez seja não conseguir ter forte apelo ao grande público, quem é bom conhecedor da franquia identifica fácil várias criaturas que aparecem, um tema sonoro aqui e ali, porém para quem não conhece nada, passa batido. A vantagem nisso é não precisar ficar explicando muitos detalhes sobre o universo. Aliás, se tratando em universo, esse é um diferencial comparando Kingsglaive à Advent Children. Ele não fazer mil referências e colocar o máximo de personagens já conhecidos como aconteceu em Advent Children o deixa livre para estabelecer novidades, o roteiro do jogo e do filme provavelmente foram feitos juntos.
Um dos piores clichês do filme, e aparentemente do jogo por vários vídeos mostrados, é a presença da figura feminina apenas como apoio para os protagonistas, as duas que aparecem em Kingsglaive são apenas pontes, tendo uma como o eterno estereótipo da princesa que necessita ser salva e conduzida em segurança. Não estou aqui fazendo uma nota de repúdio à Square-Enix nem nada do tipo, apenas relevando algo negativo que contrasta inclusive com o seu jogo anterior (não MMO), cujo protagonista era uma mulher e tinha um rol de personagens misto composto por personalidades diferentes. Isso tudo desconsiderando o fato de que todos os personagens são brancos.
Isso porém não tira o brilho de algumas boas ideias apresentadas, a audácia do imperador de Niflhein e a atitude de vários personagens me fizeram ansiar encará-los o quanto antes no jogo pelo prazer de acabar com suas atitudes. Outro bom personagem apresentado foi Ardyn Izunia, o chanceler do império, sua personalidade e alguns diálogos dele com o imperador Iedolas me proporcionaram lampejos da relação de Gestahl e Kefka, em Final Fantasy VI, um dos jogos mais elogiados da franquia.
Kingsglaive tem problemas de roteiro restrito e clichês machistas, porém apresenta bem a ambientação do que encontraremos em Final Fantasy XV, sua história pode ser vista em separado, mas ela não entreterá o grande público que não for jogar o game. É com olhos esperançosos que aguardo ver o desenrolar dessa trama, conhecer melhor personagens como o Imperador Iedolas, a princesa Lunafreya (torcendo para que quebre o estereótipo que a colocaram) e especialmente o chanceler Ardyn Izunia, além de trabalharem bem as opiniões do povo comum das várias cidades afetadas pela guerra. Que o jogo seja mais do que suas demos proporcionaram, pois o terreno preparado tem algumas boas ideias.
Eward Bonasser Jr. é publicitário de formação e designer de profissão. Além dos games, tem fascínio por cinema e música e é um fanboy inveterado da Marvel e de Star Wars. Joga videogames desde quando Michael Jackson disputava o título de rei do Pop com o Prince.