A série Assassin’s Creed foi lançada em novembro de 2008 com muita expectativa e logo se tornou um hit, trazendo vários conceitos novos e gráficos realistas para o início da geração de consoles que contava com PS3 e 360. Desde então a série contou com praticamente um jogo por ano, e entre altos e baixos, nos apresentou diversas épocas de nossa história, mesclando de forma interessante o desenrolar da batalha entre templários x assassinos com a de inúmeras personalidades reais da história da humanidade, tudo com muita liberdade poética, claro.
A série por si só é um grande livro de história e mesmo com um grande enredo de ficção permeando seus jogos, os cenários e personalidades são bem representados e o preciosismo com alguns detalhes históricos são realmente apaixonantes, pelo menos sempre foi isso o que mais me cativou na série e você deve reconhecer essa qualidade, mesmo que não goste de um ou outro jogo da série e que ache alguns títulos repetitivos ou falhos tecnicamente.
De qualquer forma, ainda faltava um dos períodos que considero mais interessantes e empolgantes da humanidade: O império egípcio. Sempre aguardei com grande expectativa por um jogo que se passasse no Egito, e meus amigos, vocês não podem imaginar a minha felicidade ao ver que a Ubisoft se inspirou e entregou simplesmente o melhor jogo da série justamente em um jogo que contemplasse o aguardado Egito.
Abordando os aspectos técnicos do jogo, não tem como deixar de citar The Witcher 3. É nítido como a Ubisoft se inspirou em tudo o que deu certo no jogo da CD Projekt Red. Em Origins até o HUD é parecido, mostrando acima de sua cabeça as localidades mais próximas e a distância (aqui também encontramos eventos menores como as famosas interrogações), além disso, lembra do “terceiro sentido” do Geralt? Onde ele destacava no cenário os objetos importantes e que haviam interação? Aqui também contamos com isso, e não só com o “terceiro sentido”, mas também com a águia Senu, braço direito de Bayek, que faz um reconhecimento aéreo e destaca no cenário tudo o que você precisa para determinar sua estratégia de abordagem. Acredite, você contará com essa amiguinha constantemente.
Além disso, a mira travada no inimigo, o assobio para o seu “Carpeado egípcio”, a árvore de habilidades desbloqueada por pontos ao subir de nível, características dos itens, os inimigos que você deve evitar enfrentar por estarem muito acima do seu level marcados em vermelho, tudo lembra muito The Witcher 3.
Falando um pouco mais sobre os itens, Origins agora conta com diversos elementos de RPG, contendo uma variedade bem grande de tipos, classes e características bem próprias. Eles também possuem classes de raridade como em Destiny, inclusive as cores possuem o mesmo significado: azul para as incomuns, roxo para as raras e dourado para as lendárias.
Mas calma, você que é fã da série e que começa a se perguntar se Assassin’s Creed deixou de lado sua identidade para se tornar um Witcher genérico, fique tranquilo, as assinaturas da série ainda estão lá, como o reconhecimento da área pelo assassino em pontos elevados, a hidden blade, o salto de fé, o feno, os alvos, os assassinatos em stealth e etc.
Outra boa notícia é que não encontraremos colecionáveis sem sentido neste jogo, como as malditas penas ou bandeiras. Este jogo também não exige um método de assassinato para obter 100% de sincronia, sinta-se livre para assassiná-lo como sua mente doentia quiser e permitir.
Uma das primeiras coisas que te deixará espantado em Origins é o tamanho do mapa, ele é simplesmente gigantesco, ou seja, pode esperar por muito conteúdo. Este que vos fala levou 72 horas para platinar o jogo, mas a campanha principal deve conter no máximo 35. As missões/eventos são as mais diversificadas da série e algumas side-quests são até mais interessantes que algumas principais, incluindo inclusive lutas em arenas e corridas de bigas. O som está incrível e as trilhas dão bem o clima daquela época e região, os gráficos e os cenários desérticos são simplesmente impressionantes, inclusive a versão avaliada rodou em um PS4 Pro com uma TV 4K com HDR e não houve queda de frames.
Os cenários são tão bonitos e rico em detalhes que o fará encontrar o fotógrafo que existe dentro de você, fazendo com que utilize o modo fotografia do jogo em diversas situações e locais, seja nos mais ermos desertos, nas cidades ricas em detalhes como Alexandria, em áreas rurais extensas, como também deslizando pelas maravilhosas pirâmides. Sim, elas estão todas lá, em seus devidos locais e com suas histórias preservadas mesmo dentro do contexto do jogo, o farol de Alexandria por exemplo, pode ser visto mesmo estando muito distante durante a noite, formando uma paisagem incrível.
Os aspectos técnicos negativos ainda ficam por conta de alguns bugs, como atravessar paredes, cair no nada, ficar preso em partes do cenário e coisas do tipo, embora aconteçam com uma frequência bem menor do que comparado ao que já era padrão para o lançamento de alguns jogos da série, eles ainda estão lá.
Outro contra é a quantidade de eventos menores identificados pelas famigeradas interrogações, muitas são bem genéricas ou possuem apenas um baú de conteúdo descartável. O bom é que eles podem te gerar dinheiro para fazer upgrade daquela arma lendária que ficou com nível baixo conforme você foi progredindo, e aqui o dinheiro importa, principalmente nos primeiros níveis. Já os hideouts, que também fazem parte das interrogações, são bem divertidos de se atacar da forma mais sorrateira possível, existem muitos deles pelo mapa e lembre-se, a Senu é sua melhor amiga aqui. Algumas side-quests também repetem um pouco a fórmula de se encontrar alguém, mas estão longe da repetição de alguns jogos mais impopulares da série Assassin’s Creed.
O enredo de Origins surpreende, o jogo se passa cerca de 50 A.C. e se destaca por inserir algumas passagens históricas de forma genial, e se você conhece um pouco de história, encontrará muitas personalidades do auge dos romanos e do início do declínio egípcio aqui, o jogo também considerou toda a influência que os gregos tiveram em território egípcio naquela época.
Além da busca por vingança pela morte de seu filho, o que fará todo o enredo do jogo se desenrolar, pode se preparar para explorar muitas tumbas. A Ubisoft fez um belíssimo trabalho ao transportar toda a mística de se adentrar uma tumba egípcia com seus tesouros intocados, espero que você não seja claustrofóbico! Quem quer se aprofundar no período histórico, também pode procurar pelos infindáveis pergaminhos espalhados por todo lado e que revelam detalhes da época, das múmias, do panteão de deuses, dos rituais, tradições e cerimônias da época.
Como esse jogo une duas paixões minhas (história e games), melhor eu encurtar para não ficar escrevendo até amanhã e concluir dizendo que a Ubisoft fez um trabalho maravilhoso ao materializar o Egito antigo, suas personalidades e localidades de forma muito convincente. Além disso inseriu um ótimo e cativante enredo, um protagonista convincente, personagens interessantes, um modo de combate intuitivo, um sistema de jogo e itens efetivos e cenários estonteantes, ou seja, dispa-se dos seus preconceitos e jogue sem medo, viu?
Melhor Assassin's Creed já feito e um dos melhores lançamentos deste ano!
Prós: Ambientação perfeita, gráficos lindos, cenários de tirar o fôlego, ótimo enredo, protagonista e personagens convincentes, sistema de jogo efetivo, funcional e com bom desafio. Contras: Alguns bugs, repetição de algumas missões, quantidade de eventos menores insignificantes como um simples baú sem item que preste.
Administrador, fotógrafo, comunicador, jogador e colecionador de videogame desde o Atari.