Não foi dessa vez que a série voltou em grande estilo
Sou jogador de longa data, franquias das antigas quase sempre me animam quando ganham novo fôlego. Seja mudando completamente a jogabilidade, como Ninja Gaiden e Castlevania Lords of Shadow, ou mantendo sua fidelidade de gameplay, como Mega Man 11, não tenho problema problemas entre inovar ou manter o que funciona, desde que o resultado dê muito certo. Não é o que acontece em Contra: Rogue Corps
O jogo se afastou do tiroteio em side scroll e passou a explorar o gênero top-down shooter, muito bem representado por pérolas como Alien Breed, Helldivers, Dead Nation e Alienation. Jogos frenéticos com inimigos vindo de todos os lados, que te deixam contando balas para não acabarem no meio de uma horda, e esquivando de coisas explodindo pelo cenário, além do senso de progressão a cada fase, tudo o que Rogue Corps entregou pela metade.
O jogo se passa vários anos após as Guerras Alienígenas (Alien Wars) de Contra III. No meio da destruição de uma das cidades afetadas pela guerra misteriosamente surgiu uma nova e destruída chamada de Cidade Maldita (Damned City), onde cientistas que exploravam o local sumiram sem deixar rastros. Sua equipe consiste de quatro personagens distintos: Kaiser, um ciborgue ex-combatente das Guerras Alienigenas, senhorita Harakiri, uma assassina que para sobreviver, se fundiu a um alien e agora ele fica no lugar de sua barriga, para permanecer no controle do próprio corpo ela precisa matar o alien sempre enfiando uma espada na barriga. BV. ou Bicho Voraz (Hungry Beast), um panda gigante com o cérebro de um cientista e por último o Cavalheiro (The Gentleman), um alienígena muito educado.
O jogo é lento, tem comandos que demoram a responder no controle a ponto de incomodar algumas pessoas, a mira com o analógico nem sempre é precisa, te fazendo errar um monte de tiro antes de começar a acertar o inimigo. Em se tratando de equipamentos, o jogo te dá uma arma principal e outra secundária, cada um dos 4 personagens tem armas secundárias distintas, mas logo após concluir o tutorial, você pode trocar qualquer arma ou sub-arma entre os personagens. Isso ajudou bastante porque algumas armas são bem difíceis de lidar, ao menos jogando sozinho. O raio laser e a escopeta são 2, uma demora a carregar e quando está atirando, demora a virar, o que te deixa muito exposto a hordas, a segunda tem alcance muito curto, o que seria ótimo para uma arma secundária, mas ela é primária. Caso você esteja se perguntando sobre a secundária segurar as pontas dessas 2, não, elas não seguram, a furadeira, por exemplo, tem um bom alcance, mas aquece muito rápido, e o lança-chamas é igualmente curto. E com isso chegamos a segunda parte sobre o armamento. Não há dificuldade em gastar todas as balas, isso foi trocado pelo aquecimento da arma, onde o jogador precisa constantemente estar revezando entre arma principal e secundária enquanto a outra carrega. Dentre os comandos, é também possível pular, usar dash, que pode tontear inimigos e fazer um final especial com eles, ganhar bomba, que explode inimigos no cenário, e cada personagem tem também uma habilidade especial. Kaiser dá tiros múltiplos junto com os tiros normais de suas armas, Harakiri usa super velocidade, BV ativa uma espécie de drone terrestreem forma de minipanda que atira em uma direção e o Cavalheiro joga um mini buraco negro que causa dano em quem passar por ele.
A parte customizável é uma das poucas coisas legais do jogo, fora a troca, é possível também comprar armas, você pode customizá-las com ítens que vão diminuir tempo de superaquecimento, melhorar o dano, aumentar taxa de tiro, etc. E é possível também melhorar o personagem. Existe um prédio na base entre fases onde é possível trocar os olhos, coração, esqueleto e o cérebro (?!?) melhorando sua recuperação, resistência, mobilidade, aumentando barra de hp e por aí vai. Se você estiver se sentindo com sorte pode usar um pouco mais do dinheiro e escolher entre 2 cirurgiões pagos, dos 3 oferecidos, para que gere efeitos a mais (ou a menos) no seu personagem, maluquice né? Mas muito bem humorado.
Cada capítulo consiste de diversas fases no qual é necessário cumprí-las antes que acabe o tempo. As fases são cenários que passam pouca inspiração e interação, enfrentando pequenas hordas previsíveis e não muito animadoras. Em determinado momento você encontra minibosses que apresentam um pouco de dificuldade, mas relativamente fáceis de enfrentar e repetitivos conforme você vai avançando.
Se você está se perguntando dos elementos originais da franquia, eles existem, mas não são o suficiente pra engrandecer o jogo. Não haverá símbolos de medalhas de falcão voando entregando armas se você a acertar, quer dizer, até há, mas são pequenas modificações na sua arma que duram alguns tiros apenas. Além disso, temos o tradicional pulo mortal parecendo uma bolinha, alguns pequenos momentos com visão em terceira pessoa, lembrnado as fases internas do título original e poucos, mas muito poucos elementos de trilha sonora clássica que vão da fanfarra de cumprimento da missão a um pequeno toque aqui e ali, no geral é um grande silêncio que de vez em quando entra música ambiente do jogo que não é nada animadora.
Falando do multiplayer do jogo agora e… não há muito o que falar… eu simplesmente não consegui achar uma única sala online para jogar e dizer se o ritmo de jogo muda muito estando de galera. Existe o Co-op local, mas ele é apenas para missões já cumpridas, nada de modo história nele.
Contra Rogue Corps provavelmente era muito melhor no papel, há bons jogos de referência como os citados no início do texto mara se inspirar, mas o caminho que os desenvolvedores trilharam não passou por nenhum deles de forma satisfatória, opto por voltar a jogar Contra IV no Nintendo DS.
Prós
- Tom de humor
- Upgrade dos personagens
Contras
- Não é um bom Contra (ou é um bom Contra, estando nessa parte do review)
- Comandos lentos
- Fases pouco inspiradas
- Multiplayer fraco: Falta de Co-op local no modo história e dificuldade de encontrar jogadores mesmo não estando longe do lançamento.
Deixa pra próxima
Espera uma promoção das boas, ou ganhar de graça.
Eward Bonasser Jr. é publicitário de formação e designer de profissão. Além dos games, tem fascínio por cinema e música e é um fanboy inveterado da Marvel e de Star Wars. Joga videogames desde quando Michael Jackson disputava o título de rei do Pop com o Prince.