Quando um alienígena chamado Dr. H8 ameaça lançar 88 ogivas termonucleares na Terra, os maiores e melhores heróis são chamados para protegê-la… mas eles estão ocupados. A única esperança de nosso planeta são os “88 Super Heróis mais estranhos e tapados que já apareceram na face da Terra”.
Lançado originalmente para PC e outros consoles em março deste ano, 88 Heroes teve seu início como um projeto de Steam Greenlight (projeto, já descontinuado, que lançava na Steam jogos de desenvolvedores independentes que foram aprovados pelos usuários da plataforma) lançado pela sua desenvolvedora Bitmap Bureau. Sua premissa era a seguinte: um jogo com visual inspirado no período dos 16 bits, onde você tem 88 heróis para completar 88 fases.
A versão analisada, para Nintendo Switch, possui todos os DLCs disponíveis em um tipo de versão definitiva chamada 88 Heroes – 98 Heroes Edition, lançada por 29,95 dólares na eShop americana, um preço maior que nas outras plataformas. Não importando a versão adquirida, o jogo possui texto em Português e a localização foi bem realizada.
O jogo é um ação/plataforma de estrutura simples, onde o jogador inicia cada fase com um herói de uma lista aleatória. Caso morra, ele se torna indisponível e você inicia com outro herói. Ao terminar a fase o personagem utilizado volta para o final da lista e inicia-se o estágio seguinte com o próximo herói da lista.
As fases são curtas, com um limite de tempo de 88 segundos (este número se repete várias vezes durante o jogo), onde você deve enfrentar inimigos e obstáculos, para chegar até o final, e a dificuldade depende muito do herói utilizado e a sua habilidade para controlá-lo. O jogo possui registro de pontuação e algumas moedas espalhadas pelo cenário. Se você juntar 88 “moedas” (cada moeda tem um valor diferente) pode ressuscitar um dos heróis perdidos.
O ponto alto do jogo é a variedade dos heróis disponíveis. Todos os heróis são sátiras de algo. Tem o encanador bigodudo de macacão azul que derrota inimigos pulando em cima, tem o Retro Reptile, uma cobra que tem o visual e a jogabilidade do bom e velho “jogo da cobrinha” (Snake) e até referências culturais como Indiana “Bones” (isso não é um erro de digitação) e Rick Roll. Cada herói tem uma jogabilidade própria e sua única referência é uma lista de comandos no início de cada fase e uma breve sinopse do personagem.
Além do modo 88 Heróis, o jogo também permite jogos de 8 heróis ou modo com somente 1 herói. Estes outros modos permitem que o jogador escolha quem irá usar (desde que este herói tenha sido liberado no modo 88) e isso permite jogar inteiramente com seus personagens favoritos e experimentar jogabilidade específicas na situação que desejar.
O humor de 88 Heroes – 98 Heroes Edition são sátiras simples e escrachadas, mas isso não tira a diversão de muitas delas. As artes dos personagens são bem construídas e todo o jogo se passa da perspectiva do vilão controlando um painel tentando derrotar os heróis (por vezes as animações deste quadro até atrapalham a visão do jogador, mas nada exagerado e ajudam a dar o clima esculhambado que tem o jogo).
A diversidade dos personagens é o que mantém o jogo interessante. As fases se tornam repetitivas e não apresentam novas mecânicas, mas a diferença de jogabilidade de cada herói mantém o jogo interessante por um tempo. A estrutura de fases curtas e um sistema de save a cada vitória beneficiam a estrutura híbrida do Switch e favorece quem quer jogá-lo em doses homeopáticas, mas seu alto valor faz com que seja difícil de recomendar.
Muita diversidade nos heróis, pouca diversidade nas fases
88 Heroes - 98 Heroes Edition deixa claro no seu título qual o grande charme do jogo e isso faz muito bem, porém grandes jogos de ação/plataforma também são feitos por excelentes fases e evolução de mecânicas, o que faltou neste jogo.
Gamer e músico, fascinado por RPGs, Rush, Shmups, Deep Purple, Action-Adventures e trilhas sonoras de jogos. Um dos seis do doze.