A Supermassive Games volta um ano após apresentar o primeiro episódio da série de terror The Dark Pictures Anthology para nos mostrar o segundo jogo, Little Hope. Este review traz as melhorias, e as pioras também, em relação ao primeiro jogo.
A história é um arco separado do primeiro jogo e não é necessário ter jogado, ou saber a história, para poder aproveitar o segundo jogo. Ela começa com um ônibus saindo repentinamente da estrada e capotando. Dentro dele alguns estudantes universitários e seus professores, muitos ferimentos e hematomas. Com uma propagação de neblina intensa, você é obrigado a ir para uma cidade próxima, Little Hope, e é lá que os eventos começam a ficar, digamos assim, interessantes. Você é arrastado para o fim do século XVII, onde pessoas são julgadas e executadas sob acusação de feitiçaria e logo percebe a semelhança entre os personagens do passado e os do presente.
A ideia da história é bastante interessante, sendo ambígua enquanto mostra as semelhanças entre o presente e o passado, apresenta algumas surpresas até, mas os diálogos entre os personagens são muito superficiais e muitas opções de interação entre os personagens não tem lógica alguma e são estranhas pois os personagens perdem sua identidade. Para ter uma ideia do que estou falando, ao mover um objeto inanimado, o personagem fica com raiva ou frustrado por não ver o efeito que esperava acontecer e aí acha que é a hora certa para se fazer uma piada, a piada apresenta o sistema de relacionamento dos personagens e alguns passam a confiar mais em você, enquanto outros ainda desconfiam. Isso pode aumentar sua coragem, mas não existe nenhuma influência fundamental que atinja os diálogos ou o comportamento dos personagens, como acontecia em “Man of Medan”, primeiro episódio da série.
Os gráficos são bons e bem detalhados, porém pecam em algumas expressões faciais e nos movimentos labiais, aumentando uma sensação artificial sobre os personagens. As músicas são excelentes e superam, de longe, as músicas do primeiro episódio. São elas que dão um ar de suspense ainda maior quando você está sendo perseguido ou ameaçado por algo. O jogo oferece tradução de menus e textos para o português do Brasil, além de contar com legendas para toda a história. O tamanho das letras da legenda é pequeno, mas é possível alterá-lo no menu de acessibilidade, onde também é possível fazer algumas alterações que tornam o jogo mais amigável para os portadores de necessidades especiais, ponto bastante positivo para a série.
Dentre os atores que estão presentes no jogo, o grande destaque fica por conta de Will Poulter, ator de alguns filmes e seriados famosos como “As Crônicas de Nárnia”, “The Maze Runner”, “Midsommar” e o episódio interativo de “Black Mirror”, do Netflix, “Bandersnatch”.
Assim como Man of Medan, Little Hope é um jogo de experiência cinematográfica interativa onde você busca pistas e resolve mistérios no ambiente antes de avançar, além de interagir com os outros personagens para determinar o curso da história. Uma pena que muitas das decisões tomadas durante o jogo sejam sem sentido, o que te dá a sensação de estar vendo um péssimo filme de terror. Se compararmos com Man of Medan, o jogo anterior se destaca na produção dos eventos e nos resultados obtidos a partir das escolhas do jogador. Numa segunda jogada, percebemos que o jogo é realmente menor que Man of Medan no que diz respeito às escolhas. Eventos básicos simplesmente não podem ser alterados por novas escolhas e a história segue o mesmo rumo sempre. Uma pena!
O jogo é repleto de cenas que exigem que você aperte algum botão no momento certo, os chamados “Quick Time Events” ou QTEs, e um dos ajustes feitos pela Supermassive foi adicionar alguns ícones que indicam que você está prestes a começar uma dessas cenas, o que ajuda a se preparar melhor.
Existe a possibilidade de jogar coletivamente na chamada “Sessão de Cinema” que consiste em cada jogador escolher um personagem e, quando chegar a hora, o jogo informa quem deverá estar com o controle para jogar com o seu personagem. Esse modo é para de 2 a 5 jogadores e consegue envolver bastante as pessoas que estão acompanhando a história. Uma das fases da história ocorre simultâneamente e as escolhas de cada jogador podem afetar as escolhas dos outros, mas o impacto causado em Little Hope é menor do que o de Man of Medan.
O episódio todo tem em torno de 5 horas e o fator replay é bem pequeno, mesmo que você faça a história novamente para ver os efeitos de cada escolha, a história não muda a ponto de surpreender.
E já virando uma tradição, ao final do jogo somos apresentados ao novo episódio da série, assista abaixo ao clip de apresentação de House of Ashes, que chega em 2021.
Pontos Positivos:
- A história é legal e a ideia de conectar o passado e o presente é bem legal.
- Melhorias no sistema de QTE, que passou a informar os jogadores quando ocorrerá.
- A trilha sonora dá a atmosfera certa para o jogo.
Pontos Negativos:
- Em um jogo onde o texto e as escolhas são primordiais, os diálogos e personagens são superficiais e algumas questões fogem da lógica.
- Atributos que os personagens ganham não afetam em nada a história.
Veredito:
Little Hope consegue apresentar uma história original e empolgante, mas não consegue aproveitar a base construída e apresenta diálogos e interações sem sentido entre os personagens, é uma experiência que vai agradar aos que gostaram do episódio anterior, mas não é um jogo de terror que eu recomendaria para os fãs de jogos do gênero.
Para esta avaliação, utilizamos cópia gentilmente cedida pela Bandai Namco, para os consoles da família Xbox.
Pai do Joaquim, jornalista, gamer, #FORABOLSONARO e… #FOGONOSRACISTAS!