Poucos universos marcaram o imaginário dos gamers como o de Mass Effect. Lançada em 2007, na era de ouro da Bioware como símbolo de RPGs, a trilogia que seguiu até o ano de 2012 levou os jogadores por uma grande e épica ópera espacial, recheada de momentos incríveis e personagens icônicos.
Entre o tumultuado e decepcionante lançamento de Mass Effect: Andromeda e o anúncio, em 2020, de um novo jogo da franquia, o lançamento da coletânea Mass Effect: Legendary Edition busca reacender as melhores lembranças desta saga e – ao mesmo tempo – despertar o interesse de novos jogadores.
Um Épico em Três Partes Distintas
Ao abrir Mass Effect: Legendary Edition (no meu caso, no Playstation 5), nos deparamos com a tela de seleção entre os três jogos da franquia. Pode parecer algo bobo e óbvio, mas fiquei muito feliz em ver como a Bioware tomou certas ações inteligentes para que você pudesse começar (ou continuar) sua aventura pela saga da forma como desejar.
Para quem nunca jogou Mass Effect, a escolha é óbvia. Abra o primeiro título, crie a sua personagem (usando um criador melhorado para tornar a aparência mais consistente entre todos os jogos). Ao finalizar a primeira parte, basta abrir a segunda e com um toque de botão migrar sua personagem para a continuação e seguir de lá. Diferenças fundamentais entre os jogos tornam impossível que todos os elementos de personagem sejam migrados, mas a aparência do seu protagonista e as decisões importantes na história levarão a consequências que atravessam toda a saga.
Entretanto, para quem já jogou algum título e parou pelo caminho, a Legendary Edition permite que você comece a partir de Mass Effect 2 ou 3, crie seu personagem e utilize o sistema que surgiu quando o segundo título da série chegou ao Playstation 3 (que nunca recebeu o primeiro jogo, impedindo que os jogadores migrassem suas escolhas). Neste sistema, uma história em quadrinhos resume a história dos jogos anteriores e permite que o jogador tome as decisões mais importantes, definindo o estado do mundo para as continuações. Desta forma, caso você queira começar o jogo por uma das continuações, ainda é possível definir as principais escolhas que afetarão a trilogia.
Manter a consistência onde possível parece ter sido um dos pilares fundamentais da Bioware na remasterização para a coletânea. Além da criação de personagens, a UI do jogo também alterada, permanecendo basicamente a mesma entre todos os jogos (mais em linha com a interface que conhecemos em Mass Effect 2 e 3).
Embora todos os jogos tenham recebido melhorias como aprimoramentos na AI dos inimigos e dos seus companheiros de equipe, reequilíbrio na luta contra alguns chefes e melhorias no equilíbrio entre as armas, o Mass Effect original, por ser o mais antigo, foi o que recebeu mais mudanças.
Sem perder seus elementos mais focados em RPG (como um gerenciamento de inventário, armas e armaduras mais complexo do que os das sequências), o jogo recebeu alterações permitir comandar individualmente os membros da sua equipe, um botão de golpe corpo-a-corpo dedicado e o sistema de cobertura durante os tiroteios, anteriormente disponível apenas nas continuações, além do fim dos intermináveis passeios de elevador (utilizados para ocultar os longos carregamentos do jogo).
A Beleza nos Confins da Galáxia
A renovação dos gráficos é um dos pontos mais esperados em uma remasterização e a coletânea de Mass Effect manda bem neste quesito. Sem perder a personalidade original (em nenhum momento o objetivo parece ter sido reconstruir o jogo graficamente do zero), podemos ver melhorias que vão além do simples aumento de resolução.
Diversos cenários ganharam novos elementos, aumentando a complexidade visual do cenário. Texturas e shaders foram refeitos ou melhorados, principalmente na pele dos personagens, aprimorando a forma como ela reage à luz – de forma muito mais natural – e a iluminação foi renovada e ganhou efeitos de lens flare (simulação do reflexo da luz na lente de uma câmera) que nos remetem aos filmes de J. J. Abrams.
Novamente, o aprimoramento gráfico é mais perceptível no primeiro jogo da série e fica mais sutil na medida em que avançamos para o final da saga, mas isto é positivo e ajuda a elevar o nível de consistência entre os três jogos.
O Início, O Meio e o Fim
Como era de se esperar, a história é o ponto menos alterado no remaster e novos jogadores poderão experimentá-las em sua totalidade, enquanto velhos visitantes poderão relembrar sem qualquer edição os seus melhores momentos.
Em Mass Effect: Legendary Edition você terá acesso a todos os DLCs lançados para a trilogia, com exceção do modo multiplayer de Mass Effect 3 (ninguém liga?) e da expansão Pinnacle Station do primeiro jogo (cujo código fonte foi perdido). Além disso, todos que chegarem à conclusão da saga verão o final estendido da trilogia, adicionado em resposta à reação negativa dos jogadores ao original. Esta versão não muda o final em si, apenas estende os eventos finais, dando mais peso às escolhas do jogador.
Se você é um fã da saga Mass Effect, esta é a sua chance de reviver as aventuras de Sheppard e da tripulação da Normandy do início ao fim, em um pacote coeso e com todo o conteúdo adicional. Caso seja novo neste universo, não perca esta oportunidade de experimentar uma das sagas mais épicas e importantes dos games.
Seja qual for o seu caso, Mass Effect: Legendary Edition é um pacote incrível, que nenhum amante de RPG e ficção pode perder.
Designer por profissão e gamer de coração, Raphael é apaixonado por jogos que sejam imersivos e permitam que ele se esgueire por trás de seus inimigos, eliminando-os de forma silenciosa e impiedosa.